Centenário da Revolução de 1923 ANTES DE 23... 1922
Palmeira das Missões, nesse período assumiu posição de destaque, tanto no processo eleitoral de 1922, quanto na Revolução de 1923...

Por Henrique Lima-Instituto Palmeirense de História.
21/04/2023 15h17

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Instituto Palmeirense de História

MEI dedicada à pesquisa, preservação e divulgação da história e cultura de Palmeira das Missões, com foco na editoração e comércio de livros, promoção de eventos educacionais e empresariais e ações voltadas ao turismo

Ao longo do ano de 1923 a revolução correu pelo Rio Grande do Sul mais uma vez. Com razões de natureza fortemente político-partidária, no correr de janeiro à dezembro, os rio-grandenses disputaram nos campos de batalhas o resultado das eleições do ano anterior para o Governo do Rio Grande do Sul, opondo de um lado Joaquim Francisco de Assis Brasil, candidato derrotado e seus aliados, chamados Assisistas ou Maragatos, que usavam no pescoço um lenço vermelho; e do outro lado, o candidato, mas uma vez reeleito, Antônio Augusto Borges de Medeiros e seus aliados, conhecidos como Borgistas ou chimangos.

Palmeira das Missões, nesse período assumiu posição de destaque, tanto no processo eleitoral de 1922, quanto na Revolução de 1923, celebrizando-se como uma cidade de perfil chimango, que mais de uma vez foi alvo de tentativas de invasão e tomada pelos maragatos, tentativas estas nunca exitosas, ainda que renhidas, como atesta o monumento palmeirense em homenagem aos “Maragatinhos”.

Mas, para Palmeira das Missões, antes de 1923, sobrevieram diversos acontecimentos ao longo dos anos anteriores, os quais tiveram na Revolução de 23 o cenário ideal para a “resolução” das tensões politicas locais. Exemplo desse contexto de conturbação local, antes mesmo da eleição de 1922 e da própria Revolução são as duas primeiras páginas da carta (de seis páginas) escrita em março de 1922 por Ramão Luciano de Souza, chefe político borgista, dirigida ao Presidente do Estado, Antônio Borges de Medeiros.

 

Palmeira, 22 de Março de 1922
Exmo. Sr. Dr. Antônio Borges de Medeiros
Eminente Chefe
Respeitosas Saudações
Venho desobrigar-me hoje da promessa feita em meu Telegrama à Vª. Exª, para expor-vos minuciosamente, alguns dos acontecimentos que ultimamente tem se desenrolado neste município, criando para o mesmo, numa lamentável situação de terror, situação essa, que muito prejudica o Trabalho eleitoral bem como paralisa completamente todas suas forças produtoras e sua atividade comercial.
É a contragosto, que levo ao conhecimento de Vª. Ex.ª. Esses fatos, pois a sua narração encerra graves censuras a companheiros nossos, que vêm transviando-se do cumprimento de seus deveres, esquecendo-se, a cada passo das reiteradas ponderações de Vª. Ex.ª, no sentido de se assegurada a todos, indistintamente as garantias que o patriótico e benemérito governo do Estado oferece.      
Seguindo as instruções que pessoalmente recebi de Vª. Ex.ª. Nessa capital, assim que aqui cheguei pus-me a campo em ativo trabalho eleitoral, procurando chamar as nossas gloriosas fileiras os dissidentes e maragatos com seus chefes de rebeldia.
Tenho aconselhado a maior calma e ordem, oferecendo-lhes garantias pessoais, fazendo-lhes sentir a inutilidade de seus arrancos revolucionários, contra um governo patriótico, honesto e Trabalhador, fortemente amparado na opinião sensata e nas classes produtoras do  Estado bem como contando com o devido apoio do governo federal, como incontestavelmente está e conta para felicidade nossa e do Rio Grande, o vosso governo modelar que tem sido e continuará sendo um dos padrões da glória da República.
O meu trabalho neste sentido não tem sido em vão: diversas têm sido as adesões de dissidentes que tenho recebido, sendo a mais notável a do Sr. Carlos Cardoso Nogueira, que tomou parte ativa no movimento revolucionário e agora caba de voltar as nossas fileiras com um grupo de trinta e tantos eleitores, conforme conta que me dirigiu e que será publicada pela “A Federação”.
[...].

 

1. Fragmento da carta de 22 de março de 1922. Cabeçalho (pg. 1)

2. Fragmento da carta de 22 de março de 1922. Despedida e assinatura (pg. 6).

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